“Estamos demonstrando como não deixar isso acontecer com
o resto do país. Aqui não é segunda onda, é o tsunami inteiro”, diz uma médica da linha
de frente que preferiu não se identificar. Ela trabalha nas redes pública e
privada de Manaus e conta que em ambos o cenário é ruim. Hospitais públicos
receberam 100 cilindros de oxigênio na manhã desta sexta-feira―vindos com ajuda
do Governo Federal e também de doações―, mas o que chega vai sendo consumido
rapidamente diante do grande volume de pacientes. O cenário é de incerteza.
“Ainda esperamos se vão conseguir abastecer novamente. A ansiedade é o que
reina entre nós, profissionais de saúde, porque a gente não sabe se vai durar
ou não, se vai ter reposição”, diz.
Enquanto isso, médicos relatam sensação de impotência e
se preparam caso haja a necessidade de ambuzar os pacientes novamente, o termo
usado para tentar ventilar manualmente para tentar fazer chegar o ar aos
pulmões. Tentam racionar ao máximo o oxigênio disponível, reduzindo as
quantidades em pacientes com menos chance de sobreviver. “Escolher quem vive e
quem morre não deveria ser nosso papel”, segue esta médica de Manaus. Alguns
hospitais concentraram todo o insumo que chegava em um único andar para
aumentar a pressão na tubulação e ter maior aproveitamento. “Você consegue
imaginar um local cheio de pessoas, todas dependentes de oxigênio, bem mais de
100 pessoas, e de repente a iminência de faltar isso?”, pergunta a médica, que
vê ―incrédula com a falta de planejamento dos governantes― uma situação de
guerra. Fonte: EL País.
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