Diante dos rumores de que Guedes poderia deixar o cargo
após a dispensa de Castello Branco, um dos expoentes do grupo de liberais que
ele levou para o governo, Bolsonaro resolveu tirar da gaveta as privatizações
da Eletrobrás, a estatal de geração e transmissão de energia,
e dos Correios, defendidas desde sempre pelo ministro.
Bolsonaro também procurou mostrar que a percepção de que
não está comprometido com a agenda liberal de Guedes – cada vez mais acentuada
até entre seus apoiadores – é infundada. “Nossa agenda continua a todo o
vapor”, afirmou, ao entregar o projeto de privatização da Eletrobrás ao
Congresso, na terça-feira, 23. “Nós queremos, sim, enxugar o Estado, para que a
economia possa dar a resposta que a sociedade precisa.”
Guedes, aparentemente, “agasalhou” mais esse revés e
deverá continuar por ora a conferir ao presidente o verniz liberal que foi
essencial para a sua eleição, em 2018, com a esperança de que ainda receberá o
aval do chefe para dar tração às suas propostas. Guedes costuma dizer a seus
auxiliares que é “duro na queda” – e, considerando que permaneceu no cargo até
agora, apesar das inúmeras “bolas nas costas” que levou de Bolsonaro nos 26
meses de governo – é difícil discordar dele neste aspecto, independentemente do
que se pense a seu respeito. Em sua posição, outros, provavelmente, já teriam
abandonado o barco por muito menos. (Estadão Conteúdo)
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