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quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Rio São Francisco tem protagonismo no combate a crises de água e energia

Isac Nobrega/Agência Brasil
Mesmo castigado pela constante degradação ambiental, por ocupações irregulares de suas margens e por anos sucessivos de seca, o Rio São Francisco sobrevive e, hoje, é um dos principais aliados do país contra a escassez hídrica e no combate ao risco de racionamento de energia.

Neste mês de outubro e em novembro, boa parte da energia que vai alimentar o Brasil e que ajudará a aliviar a situação drástica encarada nos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, principalmente na Bacia do Rio Paraná, vai sair das águas do Velho Chico.

Seu maior reservatório, o de Sobradinho, na Bahia, que cinco anos atrás agonizava com apenas 3% da água que é capaz de armazenar, hoje está com 38% do volume total. Por isso, a ordem agora é fazer uso de boa parte dessa água e ampliar a vazão rio abaixo.

No início deste mês, a estatal Chesf, da Eletrobras, acatou a determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para abrir as torneiras do São Francisco. Sobradinho, com seus 4,2 mil quilômetros quadrados, é o maior reservatório do Brasil em área alagada.

Em volume, pode acumular 28 bilhões de metros cúbicos de água, só ficando atrás da capacidade de Serra da Mesa, na Bacia do Rio Tocantins, que tem uma calha mais profunda e chega a armazenar 43,2 bilhões de m³ de água. Serra da Mesa está com 23% de sua capacidade.

Na semana passada, o volume de água que passa pela barragem de Sobradinho foi elevado de 1,3 mil m³ por segundo para 1,6 mil m³/s. A tendência é a de que esse volume aumente ao longo de outubro e novembro e chegue a 2,5 mil m³/s, conforme as necessidades determinadas pelo setor elétrico.

A barragem de Sobradinho funciona como uma “caixa d’água” do Rio São Francisco, porque alimenta uma sucessão de hidrelétricas instaladas no curso do rio, como as usinas de Luiz Gonzaga, o complexo de Paulo Afonso e de Xingó, a última em operação, até que o São Francisco vá bater no meio do mar.

Assim como fez com Sobradinho, o ONS determinou o aumento de vazão da hidrelétrica de Xingó no mesmo período. Como a geração de energia é distribuída por um sistema de transmissão interligado em todo o País – com exceção de Roraima -, é possível enviar energia de uma área para outra como forma de tentar equilibrar o abastecimento nacional.

Questionado sobre o assunto, o ONS confirmou que, com a elevação da geração nas usinas da bacia do São Francisco, pretende cumprir as medidas previstas pela Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética (CREG), grupo ligado ao Ministério de Minas e Energia que tem avaliado o cenário e as ações em relação à crise hídrica e energética.

“Essa medida excepcional se torna viável pela melhor condição de armazenamento nesta bacia em relação à situação da bacia do Rio Paraná e, também, assegura melhores níveis de armazenamento nos reservatórios em outras bacias, como a dos rios Grande e Paranaíba”, declarou o ONS. (
Estadão Conteúdo)

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