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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Vacinação infantil tem apoio de 79% no Brasil, diz Datafolha

SÃO PAULO (Reuters) - A vacinação de crianças de entre 5 a 11 anos de idade contra a Covid-19 é apoiada por 79% da população, de acordo com pesquisa do Datafolha publicada no jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira.

De acordo com o levantamento, 17% dos entrevistados manifestaram-se contrários à vacinação das crianças, ao passo que 4% não souberam responder.

A primeira criança nesta faixa etária a receber a vacina pediátrica da Pfizer contra a Covid-19 foi um menino indígena, da etnia Xavante, que foi imunizado na sexta-feira no Hospital das Clínicas, em São Paulo. A imunização ocorreu quase um ano após o início da vacinação em adultos no Brasil e quase um mês após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar a vacina para pessoas de entre 5 a 11 anos.

O início da vacinação foi adiado pelo Ministério da Saúde, que decidiu fazer uma consulta pública sobre o tema, o que é incomum, já que cabe legalmente à Anvisa atestar segurança e eficácia de vacinas no Brasil. Na ocasião, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que não havia urgência para iniciar a vacinação das crianças contra o coronavírus.

O presidente Jair Bolsonaro, que frequentemente e sem base científica questiona a eficácia e a segurança das vacinas, é contra a imunização das crianças contra a Covid-19. O presidente afirmou na semana passada que a vacinação das crianças não se justifica, apesar de mais de 300 crianças no Brasil já terem morrido por causa da doença.

Sem apresentar dados ou indícios, Bolsonaro levanta com frequência dúvidas sobre a segurança da vacina e disse que não vacinará sua filha de 11 anos contra a doença.

Bolsonaro também chegou a dizer em uma transmissão em uma rede social que havia pedido os nomes dos técnicos da Anvisa responsáveis pela decisão de aprovar a vacina pediátrica da Pfizer para divulgá-los, o que levou a uma onde de ameaças, inclusive de morte, contra servidores e diretores do órgão regulador.

O presidente também questionou em uma entrevista quais seriam os interesses da Anvisa em aprovar o imunizante infantil e afirmou que a agência não teve a saúde da população como fundamento da medida.

Em resposta à insinuação, o presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, divulgou nota em que pediu que o presidente o denuncie por corrupção caso tenha indícios ou se retrate. Bolsonaro, por sua vez, afirmou não ter feito acusações e chamou de agressiva a nota do presidente da Anvisa.

O Datafolha ouviu 2.023 pessoas com mais de 16 anos entre 12 e 13 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Um comentário:

  1. Como se pode ver, 79% da população apoiam a vacinação infantil.

    O fato é que não havia (e não há) razão alguma para se retardar o início da campanha no país, a não ser razão política.

    A vacina para menores de 5 a 11 anos de idade já tinha sido autorizada pela Anvisa e aprovada pela Câmara Técnica (CTAI COVID-19). A aprovação desses órgãos - por si só -, já permitia o início do uso da vacina no Brasil para esta faixa etária, não havendo pois motivo, a não ser de caráter político e negacionista, para se ignorar as orientações desses especialistas.

    Mas o presidente da República e seu ilustre ministro da Saúde passaram a criar empecilhos que acabaram retardando o início da campanha.

    A exigência de prescrição médica e realização de consulta pública para a vacinação de crianças contra a Covid-19 impostas pelo governo federal foi um desnecessário obstáculo ao esforço global de imunização dessa faixa etária.

    Do mesmo modo, a posição do sr ministro da Saúde defendendo a exigência de consulta pública para vacinação de crianças mostrou-se por demais arbitrária, ficando a impressão de que o objetivo não seria outro, senão o de postergar o início da campanha de vacinação infantil por entenderem talvez não ser necessária tal imunização, como aconteceu no início da pandemia em que, enquanto governos do mundo inteiro corriam atrás de vacinas, Bolsonaro se posicionava contra isso alegando que se tratava apenas de uma “gripezinha”.

    O fato é que, parece haver por parte do presidente Bolsonaro e alguns dos seu ministros certa propensão para desvalorização da ciência e dos cientistas.

    E esse ceticismo à ciência alimentado diariamente pelo mandatário da nação, sobretudo no que tange ao enfrentamento da pandemia, contribuiu significativamente para o agravamento da crise sanitária, econômica e social na qual mergulhou o país. E como resultado, o Brasil ultrapassou a trágica marca de 600 mil brasileiros mortos por Covid-19.

    Como se sabe, os órgãos e conselhos como os acima mencionados (Anvisa e CTAI) são formados por profissionais que possuem notório saber técnico-científico no campo das vigilâncias sanitária e epidemiológica, com ampla experiência no âmbito da saúde pública e cujas decisões e posicionamentos são alicerçados em fundamentos técnicos, não havendo pois motivo algum, a não ser de caráter político, repita-se, para se ignorar as orientações desses especialistas.

    Sejam quais forem as razões porventura alegadas para se justificar a resistência do governo federal à vacinação infantil no país, nada, absolutamente nada poderá se sobrepor à defesa da vida e à preservação da saúde das crianças, sobretudo no Brasil onde a “Covid já matou mais crianças do que outras doenças com vacina em 15 anos”. [FONTE: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2021/12/19/covid-matou-mais-criancas-no-pais-que-doencas-imunopreveniveis-em-15-anos.htm ]

    O direito à vida e à saúde há de prevalecer sempre sobre quaisquer outros direitos ou pretensões por mais importantes que sejam.

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