O deputado Sileno Guedes (PSB) avaliou, nesta terça-feira (27), que a governadora Raquel Lyra (PSD) está querendo antecipar autorizações de empréstimos, mesmo com margem já concedida pelo Poder Legislativo, para não ter que enfrentar um novo debate sobre o tema em 2026, ano em que deve tentar se reeleger. A declaração foi feita durante entrevista coletiva realizada pelos presidentes das três principais comissões da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para detalhamento do uso de recursos captados em operações de crédito contratadas pelo Governo do Estado desde 2023.
Durante a apresentação, os parlamentares informaram que, do espaço fiscal garantido pela Lei 18.151/2023, aprovada pela Alepe, a gestão estadual ainda conta com R$ 1,097 bilhão não contratados. Já no ano passado, os deputados avalizaram, por meio da Lei 18.659/2024, operações de crédito de até R$ 1,304 bilhão, dos quais R$ 652 milhões não foram tomados. A soma do que foi autorizado, mas não contratado nesses dois anos chega a R$ 1,7 bilhão, o que, segundo a oposição, depõe contra a urgência alegada pelo Executivo para pedir autorização para mais R$ 1,5 bilhão em empréstimos em 2025.
Para Sileno, a situação mostra que a governadora quer evitar, em um ano eleitoral, impasses semelhantes aos enfrentados nas últimas semanas, quando vem tendo dificuldade de convencer os deputados sobre o uso efetivo dos recursos captados. “É notável a dificuldade de interlocução que o Executivo tem com esta Casa, pela falta de diálogo e pela forma como sempre se relacionou com a Assembleia. A governadora está muito mais preocupada com a eleição do que com governar. Por isso, quer antecipar uma autorização de empréstimo para que, no próximo ano, esse debate não venha para esta Casa”, declarou.
A entrevista coletiva foi conduzida pelos presidentes das comissões de Constituição, Legislação e Justiça, deputado Coronel Alberto Feitosa (PL), de Finanças, Orçamento e Tributação, deputado Antonio Coelho (União Brasil), e de Administração Pública, deputado Waldemar Borges (PSB). Na ocasião, os parlamentares informaram que a Alepe acionará o Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar desvios de finalidade na execução dos recursos obtidos por meio de empréstimos e ocorrências de descumprimento em relação a comunicações obrigatórias previstas nas leis que autorizaram essas operações.
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