O
Globo/Blog do Magno
No
último debate da campanha presidencial, nesta sexta-feira à noite, na TV Globo,
a troca de acusações que marcou a campanha veio logo no início do embate entre
a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves(PSDB). O tucano, em
sua primeira intervenção, disse que era alvo de boatos, como o de que tiraria
do cadastro beneficiados pelo Bolsa Família, e lembrou o escândalo da
Petrobras, com as denúncias veiculadas esta semana pela revista “Veja”, segundo
as quais o doleiro Alberto Youssef acusou Dilma e e o ex-presidente Lula de
saberem dos desvios na estatal.
—
Essa campanha vai passar para a História como a mais sórdida. A calúnia e a
infâmia foram feitas não só em relação a mim, em relação a Eduardo Campos, a
Marina. Isso é um péssimo exemplo. A revista publica que um dos delatores disse
que a senhora e Lula tinha conhecimento da corrupção na Petrobras. A senhora
sabia da corrupção na Petrobras?
Em
resposta, Dilma acusou o tucano de fazer uma campanha “extremamente agressiva”
contra ela e negou as denúncias. Afirmou que a revista faz “oposição
sistemática” aos governos petistas e promove um “golpe eleitoral”.
—
A “Revista Veja” não apresenta nenhuma prova do que faz. Manifesto a minha
inteira indignação porque a revista tem hábito de, na reta final das campanhas,
tentar dar um golpe eleitoral e isso não é a primeira vez. Fez em 2002, em
2006, em 2010 e agora faz em 2014. O povo não é bobo e sabe que está sendo
manipulada essa informação porque não foi apresentada nenhuma prova. Irei à
Justiça para me defender.
COMPARAÇÕES
ENTRE GOVERNOS
Aécio
manteve a ofensiva e, ao abordar os problemas de infraestrutura do país,
criticou o governo federal por ter investido R$ 2 bilhões na construção do
Porto Muriel, em Cuba, quando, disse, o país carece de investimentos em
ferrovias e portos. Na resposta, Dilma usou a estratégia, repetida ao longo do
debate, de comparar os governos petistas com os de Fernando Henrique Cardoso.
Disse que a iniciativa será benéfica para empresas brasileiras e afirmou que o
ex-presidente também financiou empresas para “colocar produtos em Cuba e
Venezuela”.
Nas seguidas comparações que
fez com governos tucanos, Dilma acusou o PSDB de ter deixado o Banco do Brasil
com uma “grave dívida” e de ter quebrado a Caixa Econômica Federal e o BNDES.
—
Vocês reduziram (os bancos) ao tamanho que achavam que devia ter — disse Dilma.
A
presidente ouviu então de Aécio a acusação de que o PT aparelha a máquina
pública.
— O Banco do Brasil tem 37
diretorias, um terço delas ocupadas por filiados do PT.
No
debate econômico, Dilma disse que não era verdade que ela é a primeira
presidente a a entregar um governo com a inflação maior do que recebeu:
—
No últimos dez anos tivemos dentro dos limites da meta. Quem não mantinha (a
meta) era o governo Fernando Henrique.
—
Quer dizer que foi o PT que controlou a inflação e não nós? Tenho orgulho de
ter um aliado como o Fernando Henrique, a quem a senhora teceu elogios.
PARTICIPAÇÃO DE
INDECISOS
No
segundo bloco, em que, pela primeira vez, eleitores indecisos fizeram perguntas
diretamente aos candidatos, a discussão se voltou para a vida real, tornando o
debate menos agressivo e mais propositivo. Logo na primeira pergunta, sobre os
altos aluguéis, Dilma e Aécio foram obrigados a discutir a inflação, sem
acusações mútuas.
Dilma
aproveitou a pergunta para falar de um de seus principais programas, o Minha
Casa Minha Vida, destacando que ele contempla quem ganha até R$ 5 mil, com
faixas de subsídio. A candidata disse que seu compromisso é fazer mais três
milhões de casas, ampliando as faixas de renda.
—
Tenho certeza de que você poderá ser contemplado caso seja uma das pessoas
sorteadas — disse Dilma, dirigindo-se ao eleitor.
Aécio
procurou desconstruir os números oficiais. Disse que foi entregue apenas metade
das três milhões de casas anunciadas. O tucano prometeu ampliar os programas de
habitação no país.
A
pergunta sobre educação proporcionou um confronto de realizações entre Dilma,
no governo federal, e Aécio, no governo de Minas Gerais. No entanto, os
candidatos convergiram sobre a necessidade de mais creches, melhora no ensino
médio e na valorização dos professores.
Sobre
o tema da corrupção, levantado por uma eleitora de Minas, Dilma concordou que a
lei é branda para punir corruptos e corruptores e enumerou propostas que fez
para endurecer a lei. Aécio disse que a eleitora expressava o sentimento de
indignação de milhões de brasileiros com a corrupção e afirmou que algumas
propostas listadas por Dilma tramitaram no Congresso, mas sem empenho do
governo em aprová-las.
—
Existe uma medida acima de todas as outras para combater a corrupção, tirar o
PT do governo — afirmou o tucano.
‘MEU
BANHO MINHA VIDA’
No
terceiro bloco, em que os candidatos voltaram a fazer perguntas entre si, Dilma
alfinetou os tucanos ao falar sobre a importância do planejamento e em seguida
lembrou a falta de água em São Paulo, governada pelo PSDB. Aécio disse que
faltou planejamento, mas do governo federal, que, segundo ele, não teria
colaborado com o governo paulista. Citou o Tribunal de Contas da União (TCU),
que teria acionado o governo federal por isso. Dilma procurou ser irônica e,
após, dizer que água é responsabilidade dos governos estaduais, citou o
humorista José Simão:
—
Vocês estão levando o estado para ter o programa “meu banho minha vida”.
Aécio,
que já havia citado o “Petrolão”, referência ao escândalo da Petrobras, lembrou
o julgamento do mensalão e voltou a criticar o PT por tratar os petistas
condenados como “heróis nacionais”. E perguntou a Dilma o que achava da
condenação do ex-ministro José Dirceu. Sem responder diretamente ao tucano, a
presidente lembrou o mensalão mineiro, no governo do tucano Eduardo Azeredo (a
quem chamou de Renato Azeredo):
—
O mensalão do meu partido teve condenados. No mensalão do seu partido, não teve
condenados nem punidos — disse Dilma, lembrando outros escândalos envolvendo
tucanos que, segundo ela, não tiveram punição, como Sivam e pasta rosa.
Aécio
contra-atacou e disse que um dos principais envolvidos no mensalão mineiro é
ligado ao PT:
— Walfrido Mares Guias foi
coodenador de sua campanha em Minas — afirmou Aécio.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS