Estadão Conteúdo
Com cartazes pedindo o fim da destruição da Amazônia e
entoando coros de "Fora Salles", "Viva a natureza" e
"Bolsonaro sai, Amazônia fica" manifestantes se reuniram neste
domingo, 25, na orla do Rio para protestar contra a política ambiental do
governo Jair Bolsonaro e a destruição da Amazônia.
O grupo formado por muitas famílias, ativistas, políticos e
artistas se reuniu no início da tarde em Ipanema e caminhou até o Leblon, na
zona sul do Rio. A "comissão de frente" da marcha foi formada por
Caetano Veloso, Maitê Proença, Antonio Pitanga, Criolo, o jornalista do The
Intercept Glenn Greenwald, os deputados federais Alessandro Molon (PSB-RJ),
Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Benedita da Silva (PT-RJ)
e David Miranda (PSOL-RJ), companheiro de Glenn.
Também estavam presentes os atores Patrícia Pillar, Luisa
Arraes, Maria Padilha, Mateus Solano, Patrycia Travassos, Caio Blat, Gregório
Duvivier, Alinne Moraes, Paula Burlamaqui e Nanda Costa, entre outros. Os
organizadores estimaram a presença de 15 mil pessoas no protesto.
"Estou aqui porque estamos defendendo a causa do meio
ambiente contra as decisões e as coisas que são ditas pelo poder incumbente do
Brasil agora. Nesse momento, com as queimadas na Amazônia e a repercussão
mundial, a gente vê o caso muito explicitado e está se articulando. É
importante (a repercussão internacional) para que os dirigentes tomem
consciência", disse Caetano.
Molon disse que propôs ao presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), em conjunto com outros dois deputados, a instalação de uma
comissão no Dia da Amazônia (5 de setembro). A comissão funcionaria como uma
espécie de audiência pública para discutir questões ligadas à preservação da
floresta. Ele também iniciou a coleta de assinaturas para a instauração de uma
CPI da Amazônia. "O governo Bolsonaro tem uma visão atrasada sobre o papel
do meio ambiente em relação ao desenvolvimento econômico. Para ele ou se tem
desenvolvimento ou se tem meio ambiente", criticou Molon.
O ato foi organizado pelo #342 Amazônia, um aplicativo
lançado este ano em uma parceria entre o Greenpeace, o coletivo Mídia Ninja e o
movimento 342, criado pela empresária Paula Lavigne para defender pautas
progressistas no Congresso. A primeira mobilização foi contra um decreto do
ex-presidente Michel Temer permitindo a mineração em parte da Amazônia.
Em pronunciamento em rede nacional na sexta-feira, 23, o
presidente Jair Bolsonaro (PSL) anunciou medidas de combate às queimadas na
região amazônica com ajuda das Forças Armadas. Bolsonaro autorizou que
militares atuem no combate ao fogo e contra o desmatamento ilegal, a pedido dos
governadores, em operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), usada em
situações excepcionais.
Na transmissão acompanhada por "panelaços" em
cidades como São Paulo e Rio, o presidente disse que os incêndios florestais
não podem ser pretexto para sanções internacionais. Enquanto líderes do G-7
discutiam a questão da Amazônia, Bolsonaro voltou a falar em ataque à soberania
nacional. Em seu Twitter, o presidente afirmou neste sábado, 24, que "dói
na alma ver brasileiros não enxergando a campanha fabricada contra a nossa
soberania na região".