Vice-presidente da
Frente Parlamentar em Defesa da Companhia Hidroelétrica do São Francisco
(Chesf), o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE), criticou, nesta
quinta-feira (14), a continuidade do plano do governo Michel Temer (PMDB) de
privatizar a entidade responsável por fornecer energia a todo o Nordeste, dona
de um patrimônio líquido de R$ 12,6 bilhões e responsável pela administração de
14 usinas próprias e 40 parques eólicos em sociedade.
Nessa quarta-feira (13),
a Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, diversas
lideranças partidárias, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Soberania
Nacional e a Frente da Chesf fizeram um grande debate sobre o pacote de
concessões e privatizações anunciado pelo Governo Federal, que inclui a
Eletrobrás, a Chesf, a Casa da Moeda e mais de 50 ativos da União.
No fim do ato, um grupo
se encaminhou ao Salão Verde para protestar, mas foi duramente reprimido pelos
policiais legislativos do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM). Deputados
também sofreram com a ação e reclamaram do uso de gás de spray de pimenta. A
truculência policial será investigada formalmente pela Câmara.
Para Humberto, a pressão
sobre o Palácio do Planalto tem de aumentar para que a ideia da comercialização
da Chesf e outras instituições brasileiras seja completamente enterrada.
Segundo o líder da
Oposição, a venda da companhia, reiterada pelo ministro de Minas e Energia,
Fernando Bezerra Filho (PSB-PE), na última segunda-feira, é um ato criminoso
contra a população, que vai acabar arcando com os custos finais da operação e
com o aumento de tarifas, sem ter acesso ao devido retorno dos serviços com
qualidade.
Humberto lembrou que a
Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) foi vendida e não houve melhoria da
rede nem redução de tarifas, conforme promessa inicial. “Ao contrário, as
pessoas continuam morrendo eletrocutadas nas ruas do Recife por causa do
descaso com que a companhia compradora lida com a rede de energia.”
“Entregar a Chesf, dona
de uma receita operacional líquida de R$ 12,6 bilhões, é um crime de
lesa-pátria e que privatiza o próprio rio São Francisco. O plano é concluir o
modelo do negócio em 2018 e fazer com que os estados beneficiados pela
transposição, que inclui Pernambuco, paguem pela água. Não podemos tolerar
isso”, resumiu o parlamentar.
Atualmente, a Chesf tem
quase 4,6 mil empregados e possui mais de 20 mil quilômetros de linhas de
transmissão. “Não podemos simplesmente entregar todo esse patrimônio, toda esse
capital humano de uma empresa fundada em 1945 à iniciativa privada. Isso é uma
afronta a uma bela conquista brasileira”, finalizou o líder da Oposição.