O ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva afirmou nesta quarta-feira (22) que votar no candidato do PSDB à
Presidência da República, Aécio Neves, é um voto "no atraso, no
retrocesso". A declaração foi dada em um comício para mais de 6.000 pessoas
no centro de Porto Alegre (RS).
— É uma disputa entre duas
propostas para o Estado e para o País. Se querem o Brasil de 15 anos atrás ou
se querem avançar.
Lula, que passou apenas duas
horas na capital gaúcha, fez o último comício de campanha de Tarso Genro, em
uma tentativa de reverter o quadro negativo para o PT no Estado, onde Tarso
está 16 pontos atrás do candidato do PMDB, José Ivo Sartori, de acordo com a
última pesquisa Ibope, divulgada ontem.
O ex-presidente disse, ainda, que
o Congresso eleito este ano é pior do que o anterior, fruto do retrocesso e da
negação da política.
— Toda vez que a elite nega a
política, o que vem depois é muito pior. Porque ninguém é capaz de consertar a
política sem fazer política. Vocês achavam o Congresso ruim? O eleito agora é
um pouco pior. Os ruralistas cresceram, a bancada dos empresários cresceu, e os
representantes dos trabalhadores caíram à metade. Essa é a negação da política.
O
ex-presidente pediu ajuda dos votos de quem optou por Marina Silva no primeiro
turno. Essas pessoas, disse, têm a "obrigação moral" de votar em
Dilma, pois essa seria a única possibilidade de avanço.
Lula
ainda fez ironias com o candidato tucano, afirmando que Aécio "nunca
chegava ao Rio Grande do Sul porque parava antes no Rio de Janeiro".
Na
verdade, o candidato do PSDB esteve no Rio Grande do Sul no último sábado.
Também foi irônico ao tratar do papel da imprensa.
— Nossa
imprensa, tão democrática, que fala o que quer, independente, livre, que não
tem partido nem candidato. Nunca fala mal de mim ou da Dilma.
Lula
disse ainda ter "ficado estarrecido" com a revista inglesa The
Economist, que em artigo disse que o Brasil deveria eleger Aécio.
— Eu
pensei: acabamos de ganhar a eleição. Porque Dilma não é candidata dos
banqueiros, é a candidata do povo. Fizemos muito mais que eles em todo o século
passado.
Lula
disse não entender o "ódio contra o PT".
— As
pessoas sabem que eu sempre disse que seria o presidente de todos. Isso não é
divergência. Isso nós aprendemos a compreender. Não é divergência política, de
projetos ou ideológica. As pessoas se incomodam porque os mais humildes podem
ir a um restaurante ou porque estão viajando para a Argentina, estão indo para
Miami, levam os filhos para ver o Mickey.
Lula
ainda lembrou do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que creditou a
vitória de Dilma na região Nordeste à desinformação.
— Como
uma pessoa com tanto estudo é tão desinformado? Ele não conhece esse País.
O
ex-presidente defendeu a candidatura de Tarso dizendo não entender uma
"aposta no escuro", em "alguém que não assume nem seu
partido", referindo-se ao slogan de Sartori "meu partido é o Rio
Grande". O ex-presidente deixou o Rio Grande do Sul logo depois do
comício, enquanto Tarso estava em mais um debate, dessa vez, na rádio Guaiba.