O
Brasil que vai às urnas neste domingo se divide em nome, sobrenome, cor,
número, símbolo, discurso e propostas. Há o Brasil de Dilma Rousseff, da
estrela vermelha, do número 13. E há o Brasil de Aécio Neves, do tucano azul, do
número 45. Até no futebol os dois candidatos resgatam uma rivalidade clássica:
Aécio é Cruzeiro; Dilma torce pelo Atlético Mineiro.
Há
o Brasil de Igor Moura, de 22 anos, estudante de jornalismo que espera do PT um
segundo passo em políticas sociais e a promoção de reformas necessárias, como a
tributária e a política. “O PT já organizou a casa e rompeu barreiras, como a
expansão da universidade pública e a criação do Mais Médicos. Agora tem que
avançar em pontos essenciais. Nas universidades, por exemplo, tem que melhorar
a assistência estudantil”, avalia Igor.
Há
também o Brasil do pedagogo Pablo Guimarães, 30, que vê na candidatura de Aécio
um chamado para a mudança. “Espero que ele passe a governar com os melhores,
com pessoas competentes que não sejam indicações políticas, que olhe para quem
produz e reduza impostos para que as pessoas possam trabalhar”, afirma Pablo.
O
confronto não é novidade. Será a sexta vez que os dois partidos se enfrentam
nas urnas, ambos com uma feição diferente daquela que traziam em 1994, quando o
PSDB ascendeu ao poder com Fernando Henrique Cardoso e a rivalidade das duas
legendas explodiu em torno do Plano Real, na época rejeitado pelo PT.
Alguns
estereótipos das duas legendas se mantêm em pesquisas de opinião: um Nordeste
fortemente favorável ao PT e um Sudeste que tende a Aécio Neves. Este racha é
visto como um embate entre uma elite que simpatizaria com os tucanos e a classe
pobre, que seria mais favorável à candidatura de Dilma Rousseff.
O
PT chega ao pleito com um avanço sólido em políticas sociais, mas desgastado
pelo baixo crescimento e por denúncias de corrupção. O PSDB reaparece com uma
mensagem de arrumação de casa e de uma racionalização das práticas econômicas,
mas ainda não conseguiu explicar claramente como vai dar a guinada “contra tudo
isso que está aí”.
REDES
SOCIAIS
Se
a polarização PT-PSDB não é nova, chama a atenção o clima bélico que emergiu
nos últimos 20 dias e contaminou candidatos, dirigentes partidários, militantes
e, é claro, eleitores.
As redes sociais foram a caixa de ressonância para a agressividade,
amplificando a tensão. “É um espaço de debate completamente sem controle e
livre. Há páginas e páginas de comentários, termos pejorativos, palavrões,
agressões. É um espaço de guerra”, critica o cientista político Antônio Alkmim,
professor da PUC-Rio.
Em
muitos casos, a confrontação online extravasou para o mundo real. Pablo conta
que um ex-professor se recusou a cumprimentá-lo na rua por divergências
ideológicas. “Todos em volta ficaram olhando sem entender exatamente o que
tinha acontecido. Ele falou um monte de palavras de baixo calão”, lembra o
eleitor de Aécio.
Igor foi ameaçado na Lapa quando andava com um
adesivo de apoio a Dilma com as cores LGBT. “Um grupo se dirigiu para mim com
uma ironia misturada com ameaça, perguntando se eu tinha visto como era a
tortura. Só pararam de me reprimir quando viram minha namorada”, conta o
estudante, eleitor da petista.
Neste domingo, toda esta tensão terá um desfecho.
Que vença o melhor.
Luisa Brasil - O Dia/Blog do Magno Martins