Diante da escassez
hídrica no Agreste pernambucano, a Companhia Pernambucana de Saneamento
(Compesa) está usando a criatividade para oferecer alternativas de
abastecimento para a população dessa região. Depois de anunciar a construção da
Adutora do Pirangi, para levar água da Mata Sul para sete cidades do Agreste, a
Compesa estuda, agora, fazer o aproveitamento da água da barragem de Serro
Azul, em Palmares, também na Mata Sul, para abastecimento humano. Para isso,
iniciou a elaboração do projeto da Adutora de Serro Azul, que poderá ofertar no
mínimo 560 litros de água por segundo para a região. O projeto executivo para a
construção da nova adutora de Serro Azul deverá ser concluído em
novembro deste ano, com obras previstas para iniciar em
fevereiro de 2017. A primeira fase deverá entrar em operação
no segundo semestre de 2018.
A proposta da
Compesa é que a Adutora de Serro Azul se integre à Adutora do Agreste,
complementando a água captada no Eixo Leste da Transposição do Rio São
Francisco. Numa primeira fase, a água de Serro Azul chegaria a São Caetano,
Toritama, Pão de Açúcar, Santa Cruz do Capibaribe, Belo Jardim, Sanharó, São
Bento do Una e Tacaimbó (estes quatro últimos, através do Sistema Integrado
Bitury), além de outras localidades. Na segunda etapa, alcançaria, também,
Bezerros, Gravatá e Caruaru.
Como as obras da
barragem, que é executada pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, estão
chegando ao fim, estando 90% concluídas, existe a possibilidade dessa água
chegar logo à Adutora do Agreste, antes mesmo das águas do São Francisco. “Há
chance de atendermos o Agreste primeiro com essa obra do que com a
Transposição. Dos 330 milhões de metros cúbicos que Serro Azul pode acumular,
utilizaríamos cerca de um terço para o abastecimento humano”, calculou o
diretor Técnico e de Engenharia da Compesa, Rômulo Aurélio Souza.
Se os estudos
preliminares se confirmarem, a Compesa acredita ser possível reduzir as
retiradas do Sistema Jucazinho para as cidades de Caruaru, Gravatá e Bezerros,
sistema que atualmente se encontra em pré-colapso e cuja água seria parcialmente
substituída por Pirangi e Serro Azul. “A alimentação dessas cidades pela nova
adutora permitiria uma redução da vazão de exploração de Jucazinho,
proporcionando mais segurança operacional a esse sistema”, detalhou o diretor
da Compesa.
A barragem de Serro
Azul foi concebida, inicialmente, para conter enchentes provocadas pelo Rio Una
e seus afluentes, na Mata Sul, após a última grande cheia de 2010. No entanto,
os especialistas em recursos hídricos vislumbraram que, por sua localização
privilegiada, em área de alto índice pluviométrico, poderia servir, também, ao
abastecimento. Os recursos, ainda não estimados, seriam assegurados pelo Banco
Interamericano de Desenvolvimento, através do Programa de Saneamento Ambiental
da Bacia Hidrográfica do Rio Ipojuca (PSA Ipojuca).