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| Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem |
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), deve
sancionar nesta segunda-feira (10) uma lei que classifica templos e igrejas
como serviços essenciais. Com isso, cultos e missas devem ficar imunes a
eventuais protocolos de biossegurança no combate ao novo coronavírus. Na prática,
a partir da sanção da nova lei, estes espaços não poderão mais ser fechados,
caso um protocolo determina que serviços essenciais possam seguir
funcionando.
Até então, Pernambuco reconhecia poucos segmentos como
essenciais. Entre eles, supermercados, padarias, distribuidoras de gás e água,
farmácias e postos de gasolina, por exemplo. Desde o início da pandemia, a
realização de cultos religiosos - independente da religião - é polêmica, já que
vários estudos provam que o risco de contrair o novo coronavírus é maior em
ambientes fechados.
Riscos
Em novembro, pesquisadores
da Universidade de Stanford publicaram um ranking dos lugares com maior risco
de contaminação. De acordo com o estudo, igrejas estão no 6º lugar no
levantamento dos lugares mais perigosos. Para se ter uma ideia, elas estão
à frente de consultórios médicos (7º lugar) e mercados (8º lugar), mas são
locais menos perigosos do que restaurantes (o local mais perigoso) e academias
(2º). O estudo analisou o comportamento de 98 milhões de pessoas, de acordo com
o jornal O Estado de São Paulo e foi publicado pela revista científica
Nature.
Os cientistas alertam que quando as pessoas cantam ou
falam alto, como é visto em cultos e celebrações de vários segmentos religiosos
diferentes, a possibilidade de contaminação aumenta, mesmo quando há
distanciamento social de dois metros entre uma pessoa e outra.
Para exemplificar, o estudo relata o caso de um surto de
covid-19 em um coral nos Estados Unidos. Apesar de manterem protocolos durante
ensaios, 32 cantores do grupo ficaram doentes.
Em entrevista ao Estadão, o pesquisador da Universidade
de Vermont (EUA) e membro do Observatório Covid-19 BR, o físico Vitor Mori,
disse que, além do “risco muito alto” de transmissão, igrejas podem funcionar
como eventos de “superespalhamento”. “A força motriz por trás da pandemia é
ligada a esses eventos, onde muitas pessoas se infectam ao mesmo tempo.
Normalmente acontecem em espaços fechados, com muita gente, onde as pessoas
estão cantando ou gritando”, explicou.
“Álcool em gel e medição de temperatura são inúteis na
transmissão pelo ar, que é a principal da covid”, acrescenta o
pesquisador.
A Associação Médica Americana (AMA) foi contrária à
reabertura de templos em um processo na Justiça dos Estados Unidos. Para a AMA,
os eventos religiosos têm vários “fatores de risco” para a proliferação do
vírus. “Grandes grupos de pessoas entram em um recinto fechado, sentam-se ou
ficam em pé perto um do outro por uma quantidade significativa de tempo e,
normalmente, falam e cantam”, argumentou a entidade. (Rádio Jornal)